Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Dingle bell, dingle bell.

Falem o que quiser do Natal. Depois de três filmes natalinos não há humano nesta Terra que me mude a opinião de que as coisas são o que você faz delas: portanto, o Natal é uma coisa legal. Feliz Natal.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

único leitor

Olá, 

Bem, o meu email está com a caixa de entrada cheia, pois agora estou em São Paulo e sem outlook, fica tudo em webmail. O último email eu comecei a responder por três vezes - da primeira, não conseguia formular idéias, da segunda, parei pra ver O Professor Aloprado 2 e na terceira o Outlook deu pau. Não o respondo agora porque o email seu, anterior, está em Santos, e não sei o que responder.

E o meu ICQ não conecta, olha que beleza. 

Apareça nas RPGs do UOL, voltei a jogar.

Até mais, conquiste um natal feliz e construa um ano novo próspero.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Imitação de Alice no País das Maravailhas

- Qual caminho eu sigo para sair daqui? - pergunta Alice. 

- Isso depende de pra onde deseja ir. - responde o gato. 

- Pouco importa pra onde vou! 

- Então não importa o caminho a seguir. - diz o gato por fim.

Devaneios de Véspera de Véspera de Natal

Acabei de ver O Grinch e estou pensando no Natal. Mas é diferente. O que eu filme diz é o que o queria dizer há um bom tempo, é algo que desejei, e, agora, por razões que prefiro não citar, quero que permaneça longe de mim.

Complexo de Thanos da Marvel? Não, acho que não. 

Não sei quem disse, mas disse que nosso subconsciente e consciente tem uma relação parecida com uma sala, uma porta e um corredor. Aquilo que não queremos, trancamos porta a fora, e lá o Indesejado fica, contando moscas e brincando com os pés. O Indesejado, as minhas perguntas que não quero responder - e que seriam tortuosas demais para encontrar resposta que valha - estas batem furiosamente na porta, e posso ver seus dedos amarelados na fechadura. 

Gritam, esperneam. E novamente eu penso se quero pensar, se quero responder, se quero ser maior, se quero aprender; se quero qualquer coisa que não seja uma TV, um sofá e meio pacote de biscoitos com chá. 

E mais uma pergunta, de face vermelha e nariz rosado vem, saltitante pro meu lado: "Olá, seu Black Mage, tá satisfeito com o teu estado? Familiar com as coisas que desejou? (um verso do Sonic Youth). Ou quem sabe cansado, planejando meios de ser maior, pois por melhor que fosse, pior não deixa de ser, e tua face no espelho, sem forma além da que lhe dá, não consegue mais ver? 

Paro, fujo, chamo os seguranças. "Levem essa ideia para longe daqui!". Sento em minha escrivaninha mental, escrevo uma carta à Papai Noel: "Papai Noel, eu quero um assassino profissional, meia dúzia de verdades e reconhecimento mundial. Obrigado". Não! Apaga, apaga, apaga. "Papai Noel, eu quero a imortalidade. Num pacote bonito". Não! Nem pensar, algo de linha mais elevada! 

"Ser Messias", não, "Ser Deus", não, "Ser Quem Sou", não, "Ser Qualquer Um", não, "Ser Ninguém", não, não, não! 

Em um floco de neve há a cidade dos Quem, onde há o Natal mais belo e não falta felicidade para ninguém. 

"Quero ser Papai Noel". 

Não há neve no Brasil, pois estamos na Primavera. 

Que seja. Já basta por hoje.

Clube da Luta: Black Mage e Tyler Durden

- Muito bem, Black Mage. Fazenda, animais, viagens... [arma na nuca de b.m., puxando o cabelo por debaixo do chapéu] Diz-me, o que quer da vida, o que vai ser? 

[Silêncio.] 

- Eu... não sei... 

- Como não sabe? E se morresse amanhã? Teria valido a pena? 

- Anh... eu acho que sim... 

[Tyler afrouxa a mão no cabelo. Não era uma resposta que esperava. Ele diz:] 

- Como assim? 

- Bem... eu consegui depois de três anos fritar um ovo hoje, e fiz uma viagem bastante... anh.. animada... 

- Animada? 

- Três quedas de airship, monstros, guerras. 

- E por que isso é interessante? 

- Algumas pessoas que gosto me acompanharam. 

[Tyler Durden pensa. Tyler Durden percebe que a arma escapou de sua mão, flutua no ar e cai a cinco metros de si. Dois segundos depois, a mão do mago Black Mage exibe uma luz vermelha.] 

- Incinero seus miolos se respirar mais forte. 

- Aham. 

- Diz! O que quer ser da vida? O que vai ser? 

- ... 

- Diga! 

- ... ora, não faz diferença... 

- Quem você é? 

[Tyler Durden não pode responder. Ele sabia que devia fazer as coisas com ardor, sabia que devia viver. Mas por um momento esqueceu os motivos, e nunca mais os tornou a ver.]

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O Mistério da Estrada de Sintra, de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão

Dois homens cavalgam calmamente pela estrada de Sintra, em um dia normal. Avistam homens a sua frente. Um conflito. Os dois homens são raptados. Vendados, chegam a uma casa. Na casa, um dos dois homens, médico, é convocado para conferir se um outro homem, que jazia sobre uma cama, estava realmente morto. O homem estava. Morto por ópio. Era um estrangeiro, pouco conhecido. Faltam-lhe o dinheiro dos bolsos. Há um lenço de mulher na casa. Há lendas de fantasmas. Há um homem que surge com ferramentas, e afirma ser o assassino, depois nega, depois afirma um suicídio. 

Essa é a premissa. A história é contada por cartas enviadas ao Diário de Notícias, em modo de folhetim, pelos personagens da história. Curioso: na época (1800 e mais um tanto: livro velho, livro velho) em que Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, os autores, publicaram os escritos, alguns acreditaram que a história realmente fosse real. 

Vale a pena ler.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Responsabilidade de Pensante

(som de fundo: Cássia Eller)

Mudar o mundo. Um animal é uma criança que só come, dorme e quer brincar. Um ser pensante é a criança que se considera o centro do mundo. Pensar, auto-denominar-se filósofo ou coisa que o valha é ter absoluta certeza de que suas idéias são melhores do que outras, é ter certeza de que sua concepção de vida é tão melhor que qualquer outra. 

É crer que as pessoas devem segui-lo. Que são um rebanho de condenados. 

Pensar é acreditar veementemente que o mundo todo está errado. 

Pois pense: se o mundo está certo, para que me preocupar? Nadar a favor da corrente seria a alternativa correta; e para meio bilhão de pessoas, a vida está certa, o mundo está certo - é assim que as coisas devem ser, então, vamos seguir a corrente, e chegar primeiro, se der. 

Controle populacional é fazer acreditar que as coisas estão certas, ou indo para algo certo; é criar um modus operandi da vida. 

E é claro que eu acho que isso está errado; 'Criatura pensante', não foi o que eu disse? 'Bobeira é não viver a realidade'. A realidade, não fui eu que criei, não posso reclamar. Mas acho que está errado não reclamar, então, reclamo. 

Pensar, filosofar, é fazer birra. 

A única responsabilidade do pensante é fazer birra, o máximo que puder. Depois que você morre, chamam isso de revolução, e ou te amam ou te adoram. 

Viver é ter alguém pra amar e alguém pra odiar. 

Não se pensa quando ama, não se pensa quando odeia. 

Pensar é não viver. 

Coisas pensantes abdicam da vida e entram em algo diferente. 

É responsabilidade de pensante voltar desse negócio estranho para a vida e dizer que foi legal. 

Afinal, todo mundo conta história, 'no ato falho eu sou um fruto da criação'.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A taça do mundo é nossa, com o Brasil não há quem poça

É engraçado. 

Quero dizer, há cenas engraçadas. As redundâncias que são aplicadas em uns noventa por cento das falas do filme só me fizeram sorrir no trailer. As piadas sobre sexo (poucas, ao contrário do que me parecia) raramente me fazem rir, e hoje também não surtiram efeito. E, também, a insistência do personagem que fuma tudo o que vê pela frente só causaria riso ao deus de um ateu. 

E há críticas sociais. 

E isso é divertido: vá ao cinema, sente-se e ria, ria do Brasil! 'Abaicho a ditadura!' Piadas sobre o lado revolucionário, não instruído, lutando por algo que nunca vem e sempre está próximo. Piadas sobre o exército brasileiro, a censura, o pau-de-arara - e, como é de praxe, a vitória americana seja contra quem que lutem: baratas, ETs, vietnamitas, monstros gigantes, brasileiros e mexicanos que aceitam a Alca. 

Ria, meu amigo, e lembre-se de que aquilo é Brasil. Daqui a trinta anos, farão outra comédia simulando nossa época. E quem sabe, você poderá rir novamente vendo aquilo que não lutou, e, talvez, só talvez, agora pareça-lhe importante. 

Mas estou fugindo do filme e entrando em política, desculpem-me. 

A história é: roubaram a Jules Rimet, taça da Copa do Mundo. Ou seja: a única coisa com que o Brasil se importa, a única coisa que faz todos os brasileiros se unir. 

Essa é a premissa. 

O final é mudado porque não é feliz o bastante. 

Ria do seu Brasil, e salve a seleção.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

marketingui

Novela.

Cinco segundos. Uma personagem afirma que não há razão alguma para saber o nome de fulano de tal da Semana da Arte Moderna, que saber dessas pessoas que fazem algo importante no passado não serve pra nada. Ponto. 

Uns quinze segundos. Uma cena qualquer. Uma criança brincando com o celular: "Pare de mexer no celular de fulano de tal, criança" - "Não estou mexendo, estou colocando o 23 em todos os números até os internacionais!". Personagens riem. 

Propaganda. 

Trinta segundos. Conclusão: odeio todas as pessoas que são demasiado suscetíveis a qualquer maldito slogan [Experimenta, experimenta!]. Não sei que tipo de idiotice coletiva leva a repetirem esse tipo de coisa. Um dia, algumas horas, seis ou sete anedotas, tudo bem. Mas, dois meses é muito. 

Mais de 72 horas atrás. Passa-se em frente a uma barraquinha. Vê "Langosh". Langosh. Legal. Eu quero um langosh. Preciso de um. [pede um langosh]. [começam a preparar o langosh. olhando a preparação do langosh.] "Isso parece um pastelão."..."Não, isso não pode ser. É um langosh.". O tempo passa. Ela faz um pastelão. Um maldito pastelão com nome diferente. 

[idiota sorridente aparece.] "Hey, já pediu seu presente das casas Bahia?". 

u_U.