Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Quando você está em uma batalha, você está em um mundo separado.

Um mundo recém-criado. Não sei se pode entender o sentido de "ter sangue correndo nas veias". Mas é isso o que acontece. Tambores. O olhar dos inimigos. Tão parecidos com o seu. Refletindo o seu. Aliás, tudo reflete tudo. Os olhos de alguém que você mata te mostram a sua expressão, e aí você pensa que talvez não tenha tanto receio de ser um assassino — é um sorriso aquilo no seu rosto? Ah, quem é que pára pra pensar? Uma espada vindo, rápida, rápida — ela também te reflete. Um efeito equivalente ao da medusa. Observe, e você morre. 

Mas ninguém ainda morreu. Os tambores estão tocando. Avisam-nos que é pela liberdade. As pessoas gritam. Você grita. Dá pra ouvir o seu coração — posso dizer que tudo o que você ouve é a porra do seu coração. O som dos cavalos. Calor. Cheiro de suor. 

Há três estágios diferentes. 

No primeiro, você se torna seu coração e sua espada. 

No segundo, você corre e então você é todo medo. De todos. De você. Pensa-se em tudo. Tão rápido. Agarra-se à vida, esquece-se dela. São segundos. No terceiro estágio, você cortou o peito de alguém, ele grita, você não ouve — ignore a dor alheia! — e tudo se torna mais simples. Aí você entende o que é vida. Lute. Ou morra. A escolha é sua.