Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Velozes e Furiosos. Deus, eu parei de fazer qualquer coisa para ver o tal filme no canal do Roberto Marinho, e ele não valeu nem a metade do esforço que fiz para deitar no sofá. Simples: o protagonista é um idiota, a história de policial infiltrado é mais velha que a prima da vizinha da minha avó e eu não tenho esse característico orgasmo masculino toda vez que vejo um carro bonito. 

Portanto, a única coisa que presta no filme é a namorada do careca, do Vin Diesel, acho.
Roubando Vidas não vai acrescentar nada em sua vida, não vai trazer nada de novo nem velhos personagens memoráveis; não aconselho ninguém a assistir, a não ser que estejam realmente com vontade de ver os seios da Angeline Jolie, por, anh, cerca de quinze segundos. Acho que dava pra fazer melhor — a história de um cara que rouba a vida de uma pessoa, vive a vida dela depois que a mata com certo requinte, daria um filme grande. Creio que se dessem cinco horas ao diretor, ele fazia direito. Acredito que a única coisa que o filme acerta é quando põe na tela um assassino tão óbvio, tão óbvio do começo ao fim, que ninguém pensa que é ele mesmo. 

"Tá louco, eles não seriam tão idiotas", comenta o telespectador, falando da equipe de produção.
Como da Primeira Vez, que tem algumas piadas repetidas de outros filmes do ator protagonista (ver: A Herança de Mr. Deeds) e uma história que se baseia num negócio interessante: perda de memória — após um acidente, a menina só se lembrava de sua vida até o início do dia fatídico — os dias que vivia depois disso eram sistematicamente apagados no sono. E os pais se esforçavam para fazê-la viver todos os dias, o mesmo dia. 

Posteriormente, ela acordava e descobria que perdera um ano de sua vida nisso, acordava sabendo que aquele dia não iria existir amanhã, que as pessoas vistas também não. E o cara com memória de dez segundos é bastante bom. 

Vou assistir, quando puder, Adeus, Lênin, que se assemelha nessa Matrix criada pela família para satisfação de alguém. Aí falo mais.

sábado, 10 de maio de 2014

malas ao chão!

Voltei. Sentiram minha falta? 

Cananéia, Trunkael, é uma cidade do litoral sul de São Paulo, cerca de sete horas de onde eu moro. Não sei se aí foi televisado, mas diversos canais foram até lá esses dias, porque um ciclone (ou coisa semelhante, não sei a diferença) virou um barco com cinco pescadores. Dois estavam são e salvos, um estava sendo procurado. Esses dois aí nadaram muito, mas muito mesmo. 

Bela paisagem, tem mato pra todo lado (o que me faz pensar em vacas, assim como quando vou para Caldas) e não tem semáforos. As pessoas andam no meio da rua e de vez em quando um carro vem, devagar. Lá, as pessoas falam com um tom meio gaúcho, e pronunciam o "e" de de, quente e valente.

Há bares para todos os lados e uma casa onde se toca putz putz (Pai, perdoai-me pelos meus pecados), e nada mais. Descobri que há festas de mês em mês realmente grandes, e uma casas deveras bem feitas, cujos donos só vêem nas férias. Burrice. 

Eu não sei porque falei tanto de Cananéia aqui, não sei mesmo, de valente. Mas, se vocês querem saber mais, saibam e saibam mais, e, comprem uma casa lá.

A Última Quimera, de Ana Miranda

O livro é escrito por essa moça aí, e ela escreve no Caros Amigos, que uma menina me garantiu que era um bom jornal — e eu, como bom idiota, não fui ver. Ele conta a história de Augusto dos Anjos, uma poeta nosso. Resolvi não ler nada dele para manter-me apenas no que o livro passa. 

Augusto dos Anjos teve uma história complicada. Misturou cientificismo com a poesia, falava de morte, lançou um livro que só foi realmente reconhecido após sua morte. Um homem que temia tornar-se cego, colocava um pano sobre os olhos e treinava em casa. 

Creio que é nisso que a autora acerta: nas pequena histórias. O livro, com suas miríades de capítulos, tem espaço reservado para cada história, cada momento, cada descrição. Uma frase de Augusto aqui e lá ("a mão que afaga é a mesma que apedreja"), pinceladas de como era o Rio de Janeiro em 1914, algumas revoltas políticas, outros poetas. 

Histórias: como a do misantropo, o tio de Augusto, que entrou em seu quarto e não saía para nada, só para comer. Olavo Bilac, que disse que morreria assim que um relógio parasse, e assim foi. Há uma crítica às escolas literárias — alguém faz algo bom, outros se perdem na essência, acabamos no medíocre. O trecho que compara o Parnasianismo com o Simbolismo é, anh, brilhante. 

E, além disso, uma das melhores descrições de sexo da história: 

"Perguntei-lhe se sabia o que era copular. A imagem que ele tinha de um homem copulando com uma mulher era assim: uma contorção neurótica de um bicho misturada à ferocidade de uma horda de cães famintos que é o homem, devorando um ser ilusório feito de mistério e luz, que é a mulher."

terça-feira, 6 de maio de 2014

e ele disse: "so, you must suffer, and then you will have power...", e o outro não entendeu, pois era brasileiro.

O personagem do post aqui debaixo, o 'Oi, Tudo bem?', acabou de confirmar suas dúvidas, e, o previsto, dito e feito, aconteceu. Já eu, com muito mais sorte que meus personagens, estou indo para Cananéia. Tenho quatro filmes e um livro que irei resenhar quando voltar. Esperem aí.

domingo, 4 de maio de 2014

Personagens

Tem o tipo de personagem que me parece ser corrente por todo tempo. Ele sempre existiu, ele sempre esteve ali. A garota virgem que acaba tendo que morar num prostíbulo, e não transa com ninguém. A criatura fofinha que tem poderes estratosféricos. O vilão realmente poderoso que só desejava encontrar aquele que o derrotasse. O homem galante, que seduz todas, mas não diz 'eu te amo', porque 'eu te amo' é forte por demais. O Bem e o Mal transando em um velho quarto de motel.

bLáh bLog.

1 - Só a Lara percebeu - eu troquei a Bahia (de todos os Santos) pelo nosso Rio de Janeiro (que continua lindo) na resenha sobre Capitães de Areia. Bom, após esse erro de boçal, só posso afirmar que, anh, planejei tudo. Sim, sim, foi tudo uma grande jogada de marketing, para fazê-los ficar confusos, lerem mais Jorge Amado e tal. E pra quem provar que eu estou mentindo, tiro o meu boné. 

2 - Tenho sido (quase) subjugado por uma incrível vontade de surrupiar os livros da Livraria Martins Fontes, daqui perto, numa das avenidas grandes. Até agora consegui manter-me sob controle indo a seção de livros infantis, que são pequenos, e posso ler alguns rapidamente. Lí um lá sobre um gato e acabei vendoNarnia e a vontade voltou. E seria tão fácil - compre uma revista, volte, ponha um livro na sacola da Martins Fontes e vá. Ou entre com uma sacola. 

Me roguem pragas e me impeçam. Ou acabo no inferno, entre chamas verdejantes, porque agora a maçã custa alguns trocados e a serpente não é nada complacente.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Oi, tudo bem?

Não consigo te escrever tantas linhas quando pensei que poderia. Apaguei três parágrafos, recomecei as três vezes. Mas não faz diferença. Vamos tentar novamente. De novo. 

Parece que foi programado. Parece que alguém escreveu o roteiro, colocou algo em tal lugar para que mais adiante as pessoas sorrissem ao ver o texto. Romance barato. Será que no final nós dois vamos morrer? Ou só você morre? — olha aí, de novo, a estória programada — já me vejo em mesa de bar, com copo na frente, e pessoa ao lado. 

Eu, de boca aberta. A pessoa, de orelhas abertas, ou sistemáticas ("sim", "é verdade", "nem liga, cara", "ela era uma vagabunda, isso sim!"). Será que estaria chorando? Mas não choro por quase nada. Socos no estômago não me fazem chorar porque não quero que me vejam chorando por socos no estômago. E, se verto lágrimas, é no escuro, escondido. 

E que meu travesseiro me escute, e cale-se para sempre. A gente tem meio que uma imagem a zelar.

E parece que é mais ainda previsto por conta da música. Não é a mesma? Escritor se esquiva — quando as estrelas, enfim, estiverem no céu, onde devem — será o que iremos escutar. Mas a letra não diz nada sobre a tal estória, não conta. Tell me i'm the only one, tell me there's no other one. Talvez. 

E sua família, como vai? Já sabem que eu existo? Não existo se não sabem — o que são as formigas? — não existo se não se importa. Se importa? Obrigado. Mande amabilidades em meu nome. Vê se te alimenta. Um dia eu apareço por aí.