Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A taça do mundo é nossa, com o Brasil não há quem poça

É engraçado. 

Quero dizer, há cenas engraçadas. As redundâncias que são aplicadas em uns noventa por cento das falas do filme só me fizeram sorrir no trailer. As piadas sobre sexo (poucas, ao contrário do que me parecia) raramente me fazem rir, e hoje também não surtiram efeito. E, também, a insistência do personagem que fuma tudo o que vê pela frente só causaria riso ao deus de um ateu. 

E há críticas sociais. 

E isso é divertido: vá ao cinema, sente-se e ria, ria do Brasil! 'Abaicho a ditadura!' Piadas sobre o lado revolucionário, não instruído, lutando por algo que nunca vem e sempre está próximo. Piadas sobre o exército brasileiro, a censura, o pau-de-arara - e, como é de praxe, a vitória americana seja contra quem que lutem: baratas, ETs, vietnamitas, monstros gigantes, brasileiros e mexicanos que aceitam a Alca. 

Ria, meu amigo, e lembre-se de que aquilo é Brasil. Daqui a trinta anos, farão outra comédia simulando nossa época. E quem sabe, você poderá rir novamente vendo aquilo que não lutou, e, talvez, só talvez, agora pareça-lhe importante. 

Mas estou fugindo do filme e entrando em política, desculpem-me. 

A história é: roubaram a Jules Rimet, taça da Copa do Mundo. Ou seja: a única coisa com que o Brasil se importa, a única coisa que faz todos os brasileiros se unir. 

Essa é a premissa. 

O final é mudado porque não é feliz o bastante. 

Ria do seu Brasil, e salve a seleção.

Um comentário:

Duanne Ribeiro disse...

Como o post anterior, mostra críticas convencionais ("a única coisa com que o Brasil se importa", etc).

Interessante eu ter absorvido essa crítica à esquerda: "lutando por algo que nunca vem e sempre está próximo" — e é novamente algo que está em "Cem Anos de Solidão. De maneira que quando eu o li, sem saber, já tinha reconhecido dois de seus elementos de conteúdo, e estava mais predisposto a eles.

A melhor frase é: "E quem sabe, você poderá rir novamente vendo aquilo que não lutou, e, talvez, só talvez, agora pareça-lhe importante".

Você não lutou. E você ri agora porque é fácil. Isso é uma divisão de tipo de pessoas, ainda outra vez criticando a aparência e procurando por engajamento real.