Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Oi, tudo bem?

Não consigo te escrever tantas linhas quando pensei que poderia. Apaguei três parágrafos, recomecei as três vezes. Mas não faz diferença. Vamos tentar novamente. De novo. 

Parece que foi programado. Parece que alguém escreveu o roteiro, colocou algo em tal lugar para que mais adiante as pessoas sorrissem ao ver o texto. Romance barato. Será que no final nós dois vamos morrer? Ou só você morre? — olha aí, de novo, a estória programada — já me vejo em mesa de bar, com copo na frente, e pessoa ao lado. 

Eu, de boca aberta. A pessoa, de orelhas abertas, ou sistemáticas ("sim", "é verdade", "nem liga, cara", "ela era uma vagabunda, isso sim!"). Será que estaria chorando? Mas não choro por quase nada. Socos no estômago não me fazem chorar porque não quero que me vejam chorando por socos no estômago. E, se verto lágrimas, é no escuro, escondido. 

E que meu travesseiro me escute, e cale-se para sempre. A gente tem meio que uma imagem a zelar.

E parece que é mais ainda previsto por conta da música. Não é a mesma? Escritor se esquiva — quando as estrelas, enfim, estiverem no céu, onde devem — será o que iremos escutar. Mas a letra não diz nada sobre a tal estória, não conta. Tell me i'm the only one, tell me there's no other one. Talvez. 

E sua família, como vai? Já sabem que eu existo? Não existo se não sabem — o que são as formigas? — não existo se não se importa. Se importa? Obrigado. Mande amabilidades em meu nome. Vê se te alimenta. Um dia eu apareço por aí.

Um comentário:

Duanne Ribeiro disse...

Esse título provavelmente é ou muito bem poderia ser uma referência a "Onze Dias", do Los Hermanos. Certinho? O trecho final tem um "vê se te alimenta" que possui uma ligação mais óbvia com "Adeus Você", da mesma banda.

Uma coisa curiosa: essa frase "socos no estômago não me fazem chorar porque não quero que me vejam chorando por socos no estômago" é verdade mesmo, uma vez no primário um menino me deu um soco no nariz (sem agressividade real, nós éramos amigos; o soco foi bem real) e eu simplesmente fingi que não havia dor.