Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Os Guhllar

Uma visão peculiar: isso seria uma conclusão apropriada. Um ser de dois braços e duas pernas, membros aparentemente fortes. Certo tom azulado na pele da criatura, vestes grossas e largas caem sobre o corpo. Na mão esquerda, um grande machado. Grande, realmente grande. 

Cabelos longos, repartidos no meio, caindo em simetria perfeita. Dois olhos arredondados, até a metade do que era o rosto, um nariz pequeno — praticamente dois buracos no meio do rosto. As orelhas também eram apenas buracos nas laterais. A boca, apenas uma fenda abaixo do nariz. 

De modo que tudo aquilo parecia uma criação de criança com massa de modelar. 

Eram um raça guerreira, os Guhllar. Armados com machados, aqueles realmente grandes que citei, ou um par de espadas ainda maiores, marchavam em enormes companhias na direção de seus inimigos, e não gostavam de nem ao menos deixarem os membros conectados ao corpo. 

Os Guhllar destruíram muitas cidades e mataram muitos em seus bons tempos, mas se perguntassem a qualquer Guhllar por quê, ele não seria capaz de perguntar. 

Afinal, a memória de um Guhllar é de curto prazo. Assim, um Guhllar olha para uma árvore e decide que quer uma laranja. Nos próximos cinco minutos ele irá caminhar até a árvore e se esquecer de por quê está fazendo isso — mas terminará o ato por osmose. 

Varia de acordo para cada Guhllar, mas, com certeza, em cada grupo de dez mil Guhllar em um ataque, oito mil só estavam correndo e destruindo quando chegaram ao seu destino. 

Qualquer pessoa que um dia desejar escrever sobre a história dos Guhllar, dirá que foram um povo que não acumularam conquistas, pois não se lembravam do que queriam conquistar. Viveram de resquícios de memórias, e reproduziam por sorte.

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