Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

o objetivo é cinza.

Este seria dia de três posts, mas quando acabei o primeiro, todos os outros foram embora da minha cabeça. Pegaram suas coisas e saíram, nem disseram "adeus", ou qualquer outra amabilidade qualquer. Um deles, que se chama Carlos, ou coisa que o valha, diria que adeuses são inúteis — não está vendo que me vou? — este é ele — então para que teria de dizer-te que estou indo? 

Não sei. Talvez eu não tivesse percebido. 

Pois é, pegaram suas coisas, umas mochilas, uns cadernos - escreviam apenas com canetas roxas, e apagavam com borrachas amarelas que não conseguiam apagar tinta de caneta. Andaram, abriram a porta e saíram. Mas — ei — parece que algum, sorrateiro, ainda restou - isso aqui não deveria ter durado tantas linhas. 

Apaguei três linhas que escrevi. São linhas mortas. Linhas morreram. Eu tenho poder, eu sou Deus. Som de gargalhadas por todo o navio, todo o barco, toda a jangada, ou coisa que o valha. A tempestade vem, o céu enegrece, e tudo o que um deles faz — aquele que tem chapéu cônico e olhos amarelos — é rir, gargalhar debruçado no convés. Ele está encharcado e ri, ri, ri-se. Rir-se assim é estranho. 

Eu devia dizer algo neste post, como avisar para a Light que eu dizia "o" Light por conta dela ter afirmado: "sou dono de minhas opiniões". Mas ela está no meu ICQ que funciona de vez em nunca, digo a ela daqui pra lá mesmo. 

Eu devia falar sobre a NW, uma sala de bate-papo que me fez conhecer pessoas mais relevantes do que tantas outras que havia conhecido em, anh, catorze anos de vida? Deve ser. Mas eu podia tornar sério, falar para as pessoas que às vezes os lugares se criam para que possamos nos unir. Mas seria mentira. 

Mentiras são legais, um prato cheio, por favor, com fritas. Pelas fritas eu pago, sem favor; mentiras são legais, mas pagar por elas é errado. 

O que isso quis dizer? Nada. Pare de procurar sentido. O som das gargalhadas está me deixando maluco. As últimas gotas caem no convés. O rapaz risonho se levanta. Hora de trabalhar. Ele segura o cajado. Ri de novo.

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