Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

terça-feira, 15 de abril de 2014

O Náufrago

Quando eu era bastante pequeno, escrevi conto de duas páginas, frente e verso, dum moleque que caía de avião numa ilha. Eu tenho certeza que roubei a idéia de outro lugar. Eu também li um daqueles livros infantis pequenos, duma coleção aí, chamado A Ilha Perdida. Li na sexta série e não gostei. E eu também não gostava da professora. 

Tergiverso. 

O filme não mostra nada mais do que qualquer um espera. É um cara que caí na Ilha, sobrevive e volta [som de tambores]. Eu gostei de vê-lo inventando utilidade pras coisas. Gostei das tantas horas em tentar fazer fogo - principalmente dele, já em terra crescida, acendendo lâmpadas e usando o acendedor várias vezes seguidas. 

Deixa ver, também reparei na vida do homem e imaginei o tal estado de natureza de Rosseau. Eu poderia ser sério, mas, piadas que venham: deve de ter havido um homem primitivo bastante estúpido, realmente estúpido, para ficar esfregando a porcaria de um graveto em algum lugar. E, veja, não é que ele foi inteligente? 

E ele deixou uma só caixa de entrega fechada? Não prestei muita atenção. Foi tipo algo para mantê-lo perseverante? Aqui um amigo disse que lá dentro havia um celular, com bateria e tal. E ele não abriu. 

E gostei do Wilson. Será que todo ser humano necessita de qualquer relacionamento que consiga? E o que o cérebro se agarra a qualquer possibilidade, a realidade não manda em nada? - lembro de um comentário de um leitor que nunca mais apareceu por aqui, no Sobre Meninos e Lobos — ele disse: Nós nascemos sozinhos. Nós vivemos sozinhos. Nós morremos sozinhos. E qualquer coisa neste intervalo que possa nos dar a ilusão de que não estamos sós, nós nos agarramos a ela". 

É. É?

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