Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Operação Ovo de Páscoa

"...e por não saber que era impossível, ele foi lá e fez". Costuma ser assim. Lá está o cara, ele faz uma porção de coisas, vence um império e talz, e aí, no dia em que ele morre, pagando por suas ações, resolvem vender ovos de chocolate. Posso ver um coelho branco, o mesmo de Alice, ainda apressado, com uma cartola negra na cabeça, nas mãos manchadas de vermelho uma corda, na extremidade da corda, em forma de laço, a cabeça de um homem. 

Jesus, dito Cristo. 

Não, não caia em questão de religião, assim me faz um favor. O assunto aqui não é religião. Não quero endeusar ninguém; "Sim, sou filho de Deus, mas você também é", não é culpa minha se só ouviram a parte primeira. Estamos falando de um homem, carne e osso, e das ideias dele. 

É, as ideias. Ideias que percorreram dois mil anos de história, encerraram tantos outros anos de mitologia, criaram algo mais poderoso que a monarquia, se dividiram tanto quanto puderam, mataram tantos quanto não deveriam, queimaram tudo o que os ameaçava. 

Anh? O quê? Apenas uma história para crianças, o tal Jesus? Que seja. Então as ideias de um escritor franzino mudaram o mundo. Melhor que seja. 

Há um ponto na história que definiu todo o resto. Este é o ponto, ele é o ponto. E um ponto que não é só o cara de sandálias que impede as crianças de comerem sardinhas na Páscoa; "Ora, o que tenho a ver com isso, o que minhas sardinhas tem a ver com isso", diz o filho, no que a mãe vê o sacrilégio e vai até a cozinha, se abaixando, "este menino está endemoniado, acho que há um crucifixo aqui, em qualquer lugar, debaixo do fogão". 

Perguntar é ruim para pessoas que seguem um homem que questionou todo o resto. Cristo, se não é cristo e só é Jesus, é revolucionário. Anarquista? Regras? Dinheiro? 

Se ele realmente precisa, dê a César o que é de César. 

Não uma questão de atacar o consumismo, o capitalismo, os EUA, o imperialismo; isso é muito mais a procura da razão — a razão pela qual Jesus não saltou da cruz com seus poderes, criou garras de adamantium e estraçalhou os fariseus em pedaços. "Lavar as mãos é o caralho", e acabou-se Pilates. A mesma razão pela qual Sócrates tomou a cicuta, quem sabe. 

Enfim, faça o sinal da cruz e tenha uma razão para isso. Não um colete espiritual a prova de balas ou o que quer que seja, ou algo tão mecânico quanto escovar os dentes, "filho, reze quando acordar e for dormir. Senão papai do céu não gosta". Ah. Papai do Céu. Certo. Então tá bom. 

"Perdoa o povo aí, pai, eles não sabem o que fazem". Dois mil anos, anh, podemos agora tentar saber o que fazer, podemos, podemos?

Um comentário:

Duanne Ribeiro disse...

Este post tinha outro, logo acima, que convocava colaboradores:

"O texto que segue abaixo é o início. Serve para que outras pessoas vejam, e, se acharam a idéia (o texto é feito por um escritor deveras fraco, olhem a idéia, a idéia) interessante, criem, desenhem, escrevam também. Vá, vamos ser polêmicos e causar algum movimento. Isso já é um pedido formal aos proprietários do Mero Cristianismo e do Saindo da Matrix, participem.
Ah, desde os tempos de algumas páginas antigas, chamadas Tarja Preta e Teorias e Conspirações, havia uma lista de discussão, chamada Cabeças Pensantes - unam-se a ela."

O pessoal participou. Vou recuperar os posts e colocar aqui nos comentários.