Não é um livro extenso, não é um livro complicado de ler e não é um livro de um escritor famoso. É o primeiro livro de escritor brasileiro, pelo menos para mim, desconhecido. Diz o prefácio que o primeiro livro dos escritores tem algo de melhor ante os outros: é tudo aquilo que o escritor juntou, aquilo que sempre quis escrever. Uma esperança só - o balde furado do post acima.
É uma arca de histórias. É o que se propõe a fazer, e faz bem. A descrição dos fatos e lugares não é perfeita; é apenas bastante. Um rascunho de realidade, e aí ele joga o enredo e tudo o que se precisa. Os personagens vivem e morrem e dão origem a outros personagens. A Via Crucis metafórica, passada na Amazônia, num lugar no meio do nada chamado Maciriguei.
É uma história sobre vida e morte, antes da vida e além da morte. É uma história sobre deuses, lendas, modos de viver e razões para morrer. Posso comparar a história a Deuses Americanos, pelo modo como trata as lendas. Posso comparar a Cold Mountain, pelas guerrilhas, pelas revoluções, pelos amores, apesar dos amores aqui serem mais intensos e consideravelmente curtos. Mas não vou comparar com coisa alguma.
A resenha de Deonisio da Silva nas costas do livro diz certo efeito gerado como apenas um efeito, mas creio que é regra: você não pode descrever o livro com perfeição sem contá-lo, sem passá-lo a frente. É como talhar algo sem forma, é como tentar explicar a história que sua avó te contava antes de dormir sem dizer as tais histórias.
O livro se completa e se sustenta sozinho e, mesmo não querendo fazer comparação, é melhor do que todos os livros de Paulo Coelho que já li.
(original)
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