Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Ode ao Carnaval

O Carnaval é momento épico. "Épico" é palavra engrandecedora demais, mas serve bem. É como Copa do Mundo: cada paulista, mineiro ou carioca é brasileiro, e aí então todo brasileiro é patriota. 

O Carnaval é um movimento artístico, aquele que não traí sua essência. Aqui e lá surgem coisas semelhantes, mas Carnaval é Carnaval. É como a Índia e suas vacas sagradas: se morre de fome, mas se mantém a tradição. 

E carros alegóricos maiores, e fantasias melhores, etc. 

E ele conta história, nossa história, quatroscentas e trinta e três vezes no seu tempo de apresentação. O pronome "ele" é coisa pouca, mas aqui cabe bem, até Personifica o Carnaval. 

Carnaval como pessoa. Carnaval, pessoa que dança, pessoa que ri e pessoa que canta. Tantos comas alcoólicos quanto necessários para usar o enfadado estoque de glicose dos hospitais. Tantas novas crianças (em nove meses, lógico) quanto necessárias para encher nossas escolas. 

E, se as crianças são o futuro, o Carnaval enche nossas escolas de Futuro. É praticamente a apoteose do futuro, na celebração do passado: iconoclatas da chatice do presente. 

O Carnaval é tudo isso, e vira cinzas no final. Ele é a Fênix, vai e volta, feito boomerangue. Filósofos de mesa de bar, visionários de esquina e padaria: todo dia é Carnaval no Brasil, e todo Carnaval tem seu fim. 

Assim como o texto, agora e aqui.

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