Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

o fio da meada que se perde no caminho.

Vendo X-Men, lembro-me de um dos objetivos de seus criadores, que era representar o preconceito, nos quadrinhos. A perseguição humana contra aquilo que é diferente deles, o temor humano daquilo que é novo. 

E isso se perdeu no caminho das publicações. Mesmo se a ideia ainda seja utilizada, ela não é percebida. Dez, quinze, cem, duzentos — entre os milhões que assistiram, quantos fizeram a analogia? Ou fizeram outra:, a tela mostra como o homem é cruel e sem razões maiores do que o próprio umbigo; o telespectador vê a cena e odeia aquele que o roteirista planejou que ele odiasse — mas percebe-se humano? Nota-se cruel e egoísta? 

Lembra-me também a história do segundo e terceiro episódio de Animatrix, que conta como os robôs foram maltratados e quase totalmente exterminados pela humanidade, temerosa de ter algo que fosse superior a ela. Como os seres robóticos fugiram, esconderam-se em um canto e evoluíram muito mais do que a humanidade, e tentaram a paz. Mas os humanos não queriam a mesma coisa. "Temos bombas. Enfie a paz no orifício anal." 

A Arte imita a Vida. Sabe o que mais me lembra tudo isto? Lembra-me alguns milhares de pessoas mortas por um lado do mundo na Segunda Guerra. Traz-me a memória outras milhares mortas por bomba nuclear, para ensinar a parte nazista do mundo que não se deve matar pessoas. 

Negros e toda a sua religião corrompida por nós, sábios domadores do espírito. Ku Klux Klan. 

Recordo de todos os negros trazidos em condições miseráveis para esse país miserável, recordo dos índios, que morreram tentando entender porque tinham de usar roupas se estava quente, por que tinha de ter mais comida do que precisavam comer, e porque, por que diabos os seus deuses é que estavam errados, e não os dos que chegaram. 

Enfim, de todos os ensinamentos valiosos de infância ("Negro se não caga na entrada, caga na saída"; "Baiano é tudo trapaceiro"; "Português é tudo ladrão", "Americanos são todos capitalistas e nojentos e sem escrúpulos". E existiu Martin Luther King, e ele era americano...), de todas as piadas que levam o preconceito e o racismo adiante, mais rápido do que qualquer campanha possa lavar o senso comum.

Nenhum comentário: