Quem pode julgar? Todos têm suas razões.
Lolita, o livro, causa claustrofobia. O ponto de vista de quem lê é o interior da mente daquele que comete o crime. O incesto, o crime, um homem e sua enteada de doze anos de idade. Sua enteada, Dolores, Lô, Lola, nos braços dele, segundo afirma, sempre Lolita.
E há dois olhos naquele que observa, e os dois têm opiniões distintas. Um pode afirmar que a garota, Lolita, a ninfeta, manipulou tanto quanto parece que foi manipulada. Pode-se dizer que o jogo foi dela desde o início, que ela parou quando quis que acabasse.
E o outro olho, mas sério, diria que isso é besteira, de que a história não passa da doença de um homem, a pedofilia, e algumas desventuras atribuídas a certo demônio, o sr. Mckarma.
O autor diria, defendendo-se vagamente, sabendo que é considerado culpado e é culpado. E ele descreveria, de todos os ângulos, todas as manias, todas as palavras, todas as palavras que escreveu e todos os livros que leu, todos os sorrisos e todos os olhares que deu a ele, todas as lágrimas e todos os gritos que proferiu - o criminoso, Humbert Humbert, parece muito mais um fiel perante o altar.
Amor, Obsessão, Doença - faz diferença? Todos talvez causem os mesmos efeitos, levem ao mesmo fim ou sejam a mesma coisa.
É a história de um homem que perdeu um amor juvenil, o maior que teve, não o esqueceu e acabou por ter outros dois que nunca realmente quis. Como bolas de neve, talvez isso, não o tenha deixado escapar de Lolita.
Talvez haja momento em que a razão não funciona.
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