Achei-o na rua junto a um livro de exercícios de Inglês, mais alguns cartões telefônicos, no centro de Santos. Bom, ele tinha uma capa, páginas, letras nas páginas, uma história, personagens — resolvi ler.
É interessante. Bastante. Monteiro Lobato é um cara legal. Facilita a leitura de uma obra clássica para as crianças, sugestiona a leitura da obra real quando se puder compreendê-la e ensina coisas. Eu aprendi coisas com o livro — e sabe o que é, subestimar alguma coisa, e aprender com a porcaria da coisa? Um tapa na cara, um chute na bunda, um choque eletromagnético no saco escrotal. Aprendi sobre formatos de livros e não me lembro mais o quê; notei uma chamada pequena para a compreensão aos doentes, não violência, e descobri que a Emília é foda.
Bom, pode ser que eu esteja errado, mas Maurício de Souza aprendeu tudo o que ele sabe nesses livros.
Um comentário:
Engraçado dizer que o Monteiro Lobato era legal, hoje sabendo que ele era eugenista e racista. Competente pode ser, mas não chega a tanto.
O primeiro parágrafo desse texto aponta de uma forma enviesada seu verdadeiro objeto: o fato de que eu peguei o lixo de alguém (vê pela argumentação da segunda frase). Em essência, um gesto mínimo de se por além do comum: destacar conteúdo em vez de novidade, quebrar a cadeia comercial, prestar atenção ao refugo, desprezar a etiqueta. Eu tinha certa consciência na época de que era isso o que estava dizendo.
Mas talvez a frase mais importante seja essa: "E sabe o que é, subestimar alguma coisa, e aprender com a porcaria da coisa? Um tapa na cara, um chute na bunda, um choque eletromagnético no saco escrotal". Fora o exagero, ou principalmente pelo exagero, nota-se os critérios intelectuais em jogo: há coisas que se devem desprezar, mas eis que leio algo desprezível e encontro algo para além do desprezo. O desprezo é fútil.
(Talvez não seja a frase mais importante. De uma maneira inesperada, ela reencontra a ideia do primeiro parágrafo. Nada é inútil.)
Postar um comentário