Republicação seleta (e levemente aperfeiçoada) dos textos de eutenhoumblog.blogger.com.br, blog que mantive dos 16 aos 19 anos, de 2003 a 2006. A ideia é que a repostagem seja na mesma data anterior (dia e mês, apenas dez anos depois). Nos comentários, eu falo do que me lembro da época em que escrevi, e avanço. Pra que o meu eu de então fique contente.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Entenda, se puder - hehehe, e isso não é possível

Bem, cá estamos, eu e você. Enfadonho. Por que não vai embora? Ah sim, vim pra te ver. Mas já te vi, e os olhos cansaram - e já sabem todos os ângulos possíveis, não mais interessam-se por eles - e os seus olhos tratam de mesma forma aqueles que cansaram-se.

Blá blá blá, papo romântico e estúpido.

Time for the rock n'roll! - Tal como se usa distorção, troque as palavras acima, ponha um pouco de emoção - conseguirá coisas como: cala a boca! seja interessante, por favor; ou, hey, será que poderia simplesmente estar presente ou me deixar essa simples tarefa? Os entretantos e contextos dos demais empreendimentos de um relacionamento enchem o saco.

Pergunta simples, moça: posso ficar sozinho em sua companhia?

Não? Obrigado, era tudo o que eu queria saber. Adeus, quem sabe um dia...

Não, melhor não.

Um comentário:

Duanne Ribeiro disse...

É um texto que se baseia na contradição, né? "Entenda" - "Não é possível entender"; "Por que não se vai?" - "Fui eu que vim"; "papo romântico", só que não foi nada romântico — o que está atrás dessa frase?; o primeiro parágrafo, um terceiro que diz dizer o mesmo de modo mais intenso; uma pergunta simples que não é simples; "quem sabe um dia" - "nunca mais". Mais ainda, as oposições silêncio versus ruído, interesse versus desinteresse; solidão versus companhia — é um post todo feito em oxímoro. O que significa que eu o tenha feito assim? Pensei agora: uma vontade que não se alcança, que não quer mesmo ser ela mesma.

Não sei se antes ou depois de escrever isso, eu li em algum lugar que uma verdadeira amizade, ou amor, enfim, um relacionamento de fato é aquele em que as pessoas podem ficar em silêncio junto às outras. Não existe a necessidade gritante de ocupar os vazios com burburinho. Provavelmente era disso que se tratava: uma identificação para além da diversão imediata, que eu não conseguia extrair da pessoa, que eu não podia dar (os olhos se cansaram mutuamente). Como se um relacionamento se esgotasse velozmente, e que ou algo de mais durável se solidificava ou não valia a pena.

O relacionamento como "empreendimento". Como uma tarefa, uma empresa, um projeto. Não um surto, não uma paixão, não uma sedução. Um plano.